sábado, 10 de setembro de 2011

SENTI FALTA DE MIM

Ao longo dos anos me afastei tanto de mim,
que passei a ser uma estranha e já não me conhecia mais.
Passado muitos anos ACORDEI e senti falta de mim.
Mergulhei profundamente em meu interior e percebi que já não me conhecia.
Estou me redecobrindo a cada dia, fico feliz a cada descoberta.
Estou me encontrando novamente e o melhor de tudo é que estou gostando demais,
quanto mais me conheço, mais me amo.
Estrela

quinta-feira, 23 de junho de 2011

CONTOS MARAJOARAS - O VELHO CURRAL

            Em uma bela praia marajoara, pequenas ondas acariciavam manhosamente a areia tornando o ambiente calmo e indolente. Passavam as noites e os dias, a maré vazava e enchia numa rotina que parecia não ter fim.
Num belo dia enquanto as ondas aguardavam a cheia da maré, para acariciarem as areias, notaram um grande movimento de pessoas próximo a um banco de areia e pedras, eles carregavam em seus ombros pedaços  de madeira que foram fortemente fincados na areia. O que estariam fazendo? Perguntavam uma as outras e não encontraram nenhuma resposta. Como a maré estava enchendo as ondas circundavam aquele local, molhando aquelas peças de madeira fincadas na areia e ficaram ainda mais curiosas.
No dia seguinte quando a maré estava baixa, os homens voltaram com cipós, varas, talas, mourões, enviras e começaram a tecer uma cerca em sentido reto e depois redondo, trabalharam por diversas horas e dias, até que a obra terminou. Uma velha onda que passava por ali, olhou para as mais novas  e exclamou: - é um FORTE E NOVO CURRAL. As pequenas ondas ficaram ainda mais curiosas e perguntaram: - Para que serve? Pois naquela praia nunca haviam visto nada igual. A maré estava baixa quando o homen disse: - Está pronto!
Orgulhosamente surgiu o belo e imponente curral, observando de um lado o mar e do outro a praia, ainda não sabia qual sua utilidade, sabia que estava ali sozinho e inerte. A maré encheu, a noite passou calmamente, amanheceu, e o curral percebeu que sua parte arredondada estava repleta de peixes de muitas qualidades, ficou preocupado e pensou: - Minha finalidade é aprisionar as criaturas marinhas? As ondas, que a tudo observavam ficaram revoltadas, pois ali era a moradas daquelas espécies e até então viviam em total liberdade. Enquanto o curral apresentava ares de preocupação, eis que surgiram alguns homens que alegremente exclamaram: - Graças ao bom Deus, não passaremos mais fome, com estes peixes poderemos alimentar as nossas famílias, assim como a de nossos vizinhos, vamos rezar para que este curral possa sempre aprisionar peixes suficientes para nossa alimentação. Recolheram os peixes e rumaram alegremente para a cidade.
O curral que assistia tudo, procurava entender. Ficou sensibilizado com aquela conversa e percebeu o quanto era importante para aquelas pessoas e resolveu orgulhosamente cumprir com a missão que a natureza lhe havia destinado. Mas lembrou, teria que explicar para as pequenas ondas, que a partir daquele dia, essa seria a sua função, mas com lhes explicar isso ?
Chegava o verão, as grandes ondas voltaram ao seu lugar de origem e durante a maré noturna açoitaram furiosamente as praias, e, conseqüentemente o curral, que preocupado pensou: - Será que elas estão aborrecidas comigo? Na noite posterior fez um lindo luar, o mar estava calmo e as ondas lambiam mansamente sua estrutura, aproveitou a oportunidade para explicar sua finalidade. As ondas calmas e serenas resolveram escutar o que ele queria dizer, então, timidamente disse: - Tudo na natureza tem sua função, o mar abriga os animais marinhos, a terra abriga os homens, eles precisam de alimentos para sobreviverem, fiquei muito assustado quando percebi minha utilidade, mas quando soube que o destino dos peixes que aprisiono, é para amenizar a fome dos homens, mulheres e crianças da vila, me senti orgulhoso e, percebi que formamos uma grande dupla, vocês criando e alimentando os peixes em suas entranhas e, eu os retendo para proporcionar a alimentação dos moradores da vila, com o nosso desempenho eles sempre terão fartura. Vamos cada um cumprir sua função, deixando que tudo siga seu curso natural. A minha natureza é ser curral e assim será enquanto eu existir. O mar e as ondas ficaram convencidos. O tempo foi passando e a harmonia entre o mar, as ondas e o curral formavam um triângulo quase perfeito.
Os habitantes do lugar achavam que o curral era indestrutível, esqueceram de observar que o tempo e as agressões naturais estavam enfraquecendo sua estrutura. Quando a maré baixava e ele ficava totalmente exposto na praia, tinha esperanças de que seria observado e que os homens providenciariam a reforma de suas partes deterioradas, mas nada.  Tristemente olhou para as ondas que o acariciavam como se quisessem confortá-lo e exclamou: - Estou velho, trabalhei dia e noite sem parar, agora estou abandonado, mas estou feliz porque sempre cumpri minha obrigação, sei que este é meu fim.
Passaram-se algumas semanas, as ondas tentavam passar lentamente sobre o VELHO CURRAL, em sinal de respeito. Certo dia formou-se uma grande tempestade, os ventos açoitaram as águas com fúria, as ondas cresceram e com velocidade incontrolável rumaram em direção a praia arrasando tudo em sua frente, o curral não resistiu, foi destruído e levado pelas águas em dezenas de pedaços. Na sua agonia ainda escutou quando as ondas tristemente murmuraram: - Desculpe-nos imponente curral, a natureza precipitou sua destruição, talvez pelo fato de vê-lo tão triste, impotente e abandonado. O mundo é assim, quando precisam de nós, vivem a nos bajular e a nos imputar qualidades que muitas vezes nem temos e quando percebem que perdemos a utilidade, somos sumariamente descartados, é a vida.
Após a tempestade, o mar acomodou-se por alguns minutos, em memória do VELHO CURRAL.
Na praia garças brancas, gaivotas e maçaricos velavam aquela praia como se fosse um túmulo.
José Nunes.
Salvaterra-Pa
             

sábado, 18 de junho de 2011

ERRO MÉDICO

          Eu quase não a conhecia, ele sim, cresceu com meu filho. Ela desencarnou hoje, vítima de um erro médico. Em 15 dias ela caminhou de uma cirurgia simples para a morte, 28 anos, 2 anos de casada e muitos sonhos interrompidos.
          O médico, continuará levando sua vida normalmente, irá operar novamente, na carreira dele, ela será apenas uma fria estatística, uma estatística der 1 em 1000, para ele um motivo de orgulho, afinal orgulho é um sentimento comum nessa classe.
           Antes as pessoas escolhiam a medicina por aptidão, vontade de salvar vidas e diminuir as dores, hoje se escolhe medicina simplesmente para ganhar dinhero, afinal é a profissão que mais enche os bolsos e quanto mais ricos  mais displicentes com seus pacientes.
          Ela partiu, deixando seus pais, seus amigos e o homem que escolheu para ter filhos e construir a sua família, vai embora levando seus sonhos, levando também o sonho de seus pais de um dia carregarem seus netos, de seu marido de um dia construir a seu lado a tão sonhada família.
          Ela com certeza já está amparada pelos espíritos amigos e seguirá seu caminho no mundo espiritual.
          E este médico? é justo que continue impune?  todos temos que responder por nossos erros, somos multados por atravessar um sinal vermelho, isso é registrado e perdemos pontos na carteira, será que não seria o caso de registrar no CRM dos médicos, os casos de imperícia e negligência? alguma coisa deve ser feita. Não podemos continuar entregando nossas vidas e as vidas das pessoas que amamos nas mãos de MERCENÁRIOS.
          Isto é apenas um desabafo...

 Estrela Nunes
                   

quarta-feira, 25 de maio de 2011

IPIXUNA (PA) - MAJESTADE -

Eles chamavam aquela árvore de MAJESTADE, uma imensa árvore no meio da floresta, os dois estavam sentados, encostados em seu troco.  Um homem e uma mulher apaixonados, apaixonados pela floresta, apaixonados pela natureza, conscientes  da grande importância da floresta para o planeta.

Um homem e uma mulher do campo, armados apenas pela paixão. Pergunto-me, por que as pessoas municiadas de amor pelo planeta incomodam tanto? Por que pessoas que se emocionam, até as lagrimas, ao verem uma árvore tombar na floresta, são consideradas perigosas?

Os covardes que desmatam a floresta sem piedade, destruindo o planeta que seus filhos e netos irão viver, para encherem seus bolsos com dinheiro sujo, são seres humanos que desconhecem qualquer sentimento nobre, não amam nem a si mesmos e  são incapazes de compreender sentimentos e ideais nobres.

Aquele casal possuía tesouros desconhecidos aos corações secos e endurecidos, eles eram muito ricos, ricos em ética, honestidade, retidão, respeito e amor, qualidades que assustam e intimidam os covardes. É, aquele casal era ameaçador, afinal, eles possuíam armas contra as quais os covardes, não sabem lutar.

Covardemente, em seu lar, no meio da floresta, o casal foi assassinado.

Chega-se a conclusão de que o amor incomoda mais do que as armas, até Jesus foi covardemente assassinado por amar demais.

Chico Mendes, Doroty strang, o casal de Ipixuna e tantos outros anônimos, que sucumbiram nas mãos dos “poderosos?” deixaram o legado de uma luta que será para sempre lembrada, ainda que nosso planeta venha a ser um grande deserto.

                                                                                                                Estrela Nunes

sábado, 7 de maio de 2011

ESTÁTICA ...

Estática ...
Como as folhas das árvaros em dias sem vento,
Como as águas da lagoa, aguardando a ação do tempo.
Como a pedra do caminho, aguardando um empurrão,
Como aquele que observa o horizonte, tentando tomar uma grande decisão.

Mas é preciso ...
Correr atráz do vento,
Ir ao encontro do tempo,
Chutar a pedra,
Abandonar as incertezas,
Fazer a vida acontecer,
Simplesmente VIVER...

Estrela Nunes

domingo, 17 de abril de 2011

PREVISÍVEL

Ainda não sei que caminho meu blog vai tomar, talves nehum.
Quem sabe ficará abandonado no meio do caminho...
As vezes percebo, o vazio das visitas.
Me pergunto, quem estaria interessado em pensamentos como os meus?
Estou percebendo que meu blog, reflete minha vida.
Sem alterações interessantes, previsível, tímido e ...
Por enquanto continuaremos assim, 
recorrerei a ele quando tiver vontade e tempo.

É gente,
Este é meu blog,
um cantinho de tempo, onde consigo,
por alguns intantes... escrever.

Estrela Nunes

DÚVIDA ?

Que sentimento é esse que sufoca,
que me impede de ir, de vir,  de pensar, ... de ser ?
Que sentimento é esse, que me impede de voar,
que quer conhecer meu pensamento e limitar meus sonhos?
Que sentimento é esse que quer me confundir,
me fazendo pensar que posso ser anjo ou demônio,
quando quero simplesmente,  ser normal?
Que sentimento é esse que paralisa,
e que me faz ficar?
Afinal quem sou eu?
Sem resposta, continuarei perguntando:
_ Que sentimento é esse?

Estrela Nunes


 

sábado, 19 de março de 2011

Meus filhos, meu passado, presente e futuro

Meu filho pela América Latina
Ele está por lá, começando a conhecer o mundo,
esta é a primeira, de muitas viagens que ainda vem por aí.
Ainda bem que somos livres para criar e escrever nossa história,
isto fica mais claro, quando acompanho a trajetória de cada um de meus filhos,
parece até, que propositalmente estão vivendo as  coisas que sonhei,
me realizo junto com eles.

Me renovo com a minha filha de 10 anos.
Com ela reaprendo, percebo que o mundo mudou, aprendo a educar novamente,
percebo as falhas com meus filhos mais velhos,
Espero que eles me perdoem, eu fiz o melhor que pude,
naquela época, eu estava aprendendo a ser ...,
mas posso garantir, se certo ou errado, o resultado foi lindo.

Acompanhar o tempo, sem saudosismo ou arrependimentos.
Esta é a minha meta,
Seguir sempre em frente, olhando para o futuro.
Aproveitando cada momento, cada ensinamento, cada olhar.
Quando meus netos chegarem,
quero estar no mundo deles,
compreendendo as mudanças e preparada para as diferenças.